A angélica (Angelica archangelica) é uma planta de beleza singular e história milenar, cujas hastes, folhas e inflorescências já despertaram o fascínio de botânicos, cozinheiros e alquimistas ao longo dos séculos.
Neste artigo, vamos conduzir você por uma viagem que começa nos mitos que envolveram seu descobrimento, passa pela riqueza de suas características botânicas e se estende até as curiosidades e usos que talvez você nunca tenha imaginado.
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Nomes populares
Alguns dos nomes populares mais utilizados para se referir à angélica incluem:
- Angélica-dos-jardins
- Salsão-do-norte
- Erva-dos-arcanjos
- Anjo-terrestre
- Falso funcho
Espécies científicas
A angélica pertence ao gênero Angelica, família Apiaceae, que reúne cerca de 90 espécies distribuídas principalmente em regiões temperadas do Hemisfério Norte.
A espécie tema deste artigo, Angelica archangelica, foi descrita pela primeira vez por Carl Linnaeus em 1753, no seu célebre Species Plantarum. Entre as espécies relacionadas, destacam-se:
- Angelica sinensis, muito usada na medicina tradicional chinesa;
- Angelica gigas, conhecida por suas flores violetas na Ásia Oriental;
- Angelica atropurpurea, encontradas em pântanos da América do Norte;
- Angelica keiskei, consumida como hortaliça no Japão. Embora todas compartilhem a típica inflorescência em umbela, a A. archangelica sobressai pelo porte ereto de até 2,5 m e pelas florzinhas esverdeadas que formam grandes sombrinhas florais inconfundíveis.
Localização geográfica
Natural das regiões frias da Europa Setentrional, especialmente na Escandinávia e nas margens rochosas do Mar Báltico, a angélica se adaptou também a climas temperados da América do Norte e da Ásia.
No Brasil, encontra cultivo mais bem-sucedido em regiões serranas do Sul, onde o solo úmido e o clima ameno reproduzem seu habitat original. Além de jardins ornamentais, é frequentemente plantada em hortas domésticas e viveiros especializados, florescendo entre o final da primavera e o início do verão.
Morfologia
A estrutura da angélica impressiona pela imponência: a planta ergue hastes robustas e ocas, atingindo até 2 m de altura. As folhas são compostas, grandes, pinnatissectas, com folíolos que lembram rendas delicadas.
No ápice, surge a inflorescência em umbela ampla (30–40 cm de diâmetro), formada por dezenas de pequenas flores verdes-amareladas, cada uma com cinco pétalas. As raízes, fusiformes, alargam-se em formato de massa branca, exalando aroma intenso — característica que serviu de base para seu uso aromático e medicinal.
História
Desde a Antiguidade, a angélica carrega em seu nome um simbolismo celestial: acredita-se que foi o arcanjo Gabriel quem a teria revelado a um monge do século XIV, para curar a praga que assolava a Europa. Conta a lenda que, após o monge triturar as raízes e preparar um elixir, o mal cessou milagrosamente — e assim a planta ganhou fama de “erva-dos-arcanjos”.
No Renascimento, alquimistas atribuíram-lhe propriedades de proteção contra feitiçarias e envenenamentos, incorporando-a em amuletos e poções. Seus usos medicinais foram documentados em herbários medievais, e, já no século XIX, estudiosos descreveram compostos bioativos que explicavam sua ação digestiva, carminativa e expectorante.
Gastronomia
Embora não seja comestível em saladas, a angélica encontra lugar de destaque na cozinha europeia:
- Hastes cristalizadas servem de enfeite para bolos e sobremesas;
- Folhas aromáticas aromatizam chás e infusões digestivas;
- Extratos de raiz são usados para dar sabor a licores famosos, como Chartreuse e vermutes artesanais;
- Em algumas regiões, a raiz é cozida e transformada em xarope ou compota. Seu sabor ligeiramente amargo e refrescante combina com preparações doces e alcoólicas, agregando aroma complexo e notas anisadas.
Curiosidades
- Fotossensibilidade: o contato do suco com a pele, seguido de exposição ao sol, pode causar dermatite de contato em pessoas sensíveis.
- Uso perfumista: óleos essenciais extraídos de suas sementes entram na composição de perfumes masculinos, por seu caráter verde e amadeirado.
- Raiz ancestral: em tempos medievais, acreditava-se que a angélica protegia contra espíritos malignos, e seu cordão pendurado na porta era talismã comum.
- Ingrediente de gin: algumas destilarias artesanais usam angélica na receita de gim para equilibrar notas cítricas e herbais.
- Regeneração rápida: após a floração, seções basal e rizoma podem rebrotar, proporcionando nova folhagem e, em cultivares selecionadas, florescência prolongada.
Conclusão
Ao longo deste percurso, descobrimos que a angélica vai muito além de sua aparência imponente: carrega mitos, usos medicinais, aplicações na gastronomia e segredos que inspiraram artistas e cientistas.
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Referências bibliográficas
- Linnaeus, C. (1753). Species Plantarum. Holmiae: Laurentii Salvii.
- Huxley, A., Griffiths, M., & Levy, M. M. (1992). The New Royal Horticultural Society Dictionary of Gardening. Oxford University Press.
- Duke, J. A. (2002). Handbook of Medicinal Herbs. CRC Press.
- Grieve, M. (1971). A Modern Herbal. Dover Publications.
- Van Wyk, B.-E., & Wink, M. (2015). Medicinal Plants of the World. CABI Publishing.
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